segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Que seja feita a vossa vontade.

Estamos sozinhos?
As vezes, certas cortesias do caminho
me condicionam a, inevitavelmente, perguntar.
Andei pensando está sempre bem acompanhando,
mas que tolo eu fui.
Achando que poderia confiar um pouco mais,
crendo que estaria sempre bem, estando entre.
Ainda é difícil acreditar que não estamos mais jovens,
que não somos mais tão fortes,
que todo aquele esboço de confiança
se rasura com o tempo.
Eu deveria ter seguido meus instintos?
Sinto medo de um dia acordar, e não
reconhecer o mundo que escolhi para mim.
É fácil aceitar enquanto tudo é engraçado,
enquanto o acaso nos diverte. Mas, existem
verdades por traz dos sorrisos
e maldade por trás das lembranças.
Embora conheça a notoriedade de alguns
semblantes e a malícia por traz da bondade,
me resta apenas esperar, e deixar
que, se houver justiça terrena,
que seja feita a vossa vontade.

Por: Felipe Reis

domingo, 9 de setembro de 2012

Olhares distantes.

      Existe uma lógica simétrica sobre a vida que,
embora nosso peito perceba, nossos olhos tardam a enxergar.
      Hoje acordei com um gosto doce de vida sobre os labios e
um reconfortante tom de cinza claro e azul anis sob a vista,
se fazia turvo enquanto eu olhava em frente, mas,
só me dei conta, quando rapidamente voltei a mim.
      Percebia os risos por toda a minha volta, mas,
eu ainda estava distante, fora de si, em outro tom.
Me senti longe, embora eu estivesse bem ali, parado,
como se tudo fizesse parte de outro contexto, outra dimensão.
       Você já se perdeu de si?
É exatamente durante o último gole de álcool
e o próximo trago, que, todos os passos perdem
o ritmo comum, todos os pensamentos somem.
Você se desprende de todo o físico mundano, e,
por uma pequena fração de segundos, você está livre.
       É como recobrar a consciência depois de apagar,
como dar um longo suspiro após ser sufocado,
ou receber a notícia contrária ao motivo da agonia.
       Onde tudo que é escuro se torna torpe, e,
volta-se a respirar a vida como se fosse rítmica e bela.

Por: Felipe Reis

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A manhã seguinte sempre chega.

O que fazer quando sua alma grita?
As vezes me sinto cansado de demonstrar força,
quando tudo que eu mais queria, era apenas me esconder.
O que deve ser feito, quando, sentimos pelas
rachaduras, que tudo parece desmoronar.
É esse processo lento entre a angustia de
respirar e a vontade de prender a respiração,
entre enxugar o rosto enquanto outra lágrima torna a cair,
nesse pequeno momento, entre, pensar ser tudo e
se questionar em ser realmente algo,
que, tudo realmente perde o sentido,
então sou apenas eu, sozinho novamente.
Enquanto perco as certezas dos meus sonhos
e as faces dos meus desejos, me vejo buscando
forças onde já não mais consigo me apoiar
e meus olhos, estes ainda buscam caminho
por entres as poucas brechas de luzes.
Tudo porque, 
ainda tenho o amanhã.
Pois, a manhã seguinte sempre chega.




segunda-feira, 28 de maio de 2012

Enquanto caio dos sonhos.

A pele áspera do meu rosto,
as escuras linhas de minhas têmporas,
e as camadas extenuadas dos meus olhos.
Ainda somos tão jovens?
Perguntei a mim mesmo em silêncio.
Meus olhos pálidos não sabiam,
meus lábios trêmulos hesitaram.
Por onde anda minha vitalidade,
meus anseios de outrora,
meus impossíveis sonhos dos dezesseis.
Havia um tom reluzente nas minhas passadas,
um cintilante brilho nas minhas palavras
e um entusiasmo louco nos meus olhos.
Havia prazer em brincar com desafios,
havia ternura em brindar o novo.
Quando comecei a diminuir o ritmo?
Ainda sinto traços de vida neste peito
e pulsos correndo por entre os sonhos.
É algo leve entre o me jogar e o cair,
entre o se entregar e o permitir,
entre correr e o desistir.
Onde tudo ainda parece possível
e onde sinto que devo continuar.

Por: Felipe Reis

domingo, 29 de abril de 2012

500 Days of Summer





"Se Tom aprendeu alguma coisa, é que não se atribui um grande significado cósmico a um simples evento na terra. Coincidência. É tudo que qualquer coisa é. Nada mais que coincidência. Tom finalmente aprendeu que não existem milagres. Não existe essa coisa de destino. Nada é para ser, agora ele tinha certeza absoluta."



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Pequeno desgosto.


Castrem meus sentidos e amputem minha alma
respiro devagar a cada verso desumano de Saramago
e regurgito cada amargo gosto do nosso destino.
Sinto o peso da fé dos que ainda creem
e o desgosto chapiscado dos que compreendem o inevitável.
Meu lado Luterano talvez esteja agitado hoje
ou escuto o tilintar das verdades escondidas.
Ainda rezo às almas dos tolos cansados
ainda choro a lágrima dos fúteis destemidos.
Me pego brechando o espaço por entre as cortinas
e o desfecho rasurado por traz do trono.
Então não me sobra esperança neste casto peito ou
fé nos pulmões, pelo menos por hoje,
me entrego a dor de joelhos ao chão e
findo meus olhos com a imagem deste abismo.

Por: Felipe Reis

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Fora do contexto.

A mesma música tocando baixo por inúmeras vezes,
Eu estava cercado, estava socialmente cercado,
mas ainda escutava a triste canção embalando meu dia.
Nesses dias em que não existe conforto nas palavras,
nem tampouco remédio para o desconforto.
O vento que sopra de leste sempre me conforta um pouco, 
embora todas as vertentes do meu corpo gritem o contrário.
Está tudo muito calmo agora, o silêncio voltou a operar... 
Talvez isso apenas confirme o quanto estou só,
ou talvez, eu só esteja confuso, como sempre estive.
Tudo pode ser uma grande mentira,
mas enquanto não descobrimos,
ainda soa como a única triste verdade.



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Céu de janeiro.

Tudo isso a minha volta nunca fez muito sentido,
Essas cicatrizes, ainda abertas, me ofertam tanta dor,
Essas equações em tons de cinza escuro e azul anil,
Esqueci-me de fechar as janelas durante todo o percurso
e ainda sinto a destreza do vento soprar lentamente.
Os mesmos discos cansados da minha estante,
as mesmas frases clichês amontoadas em meu quarto e
métodos esquecidos em valas sombrias de têmporas aquecidas.
Não sinto mais prazer em rasurar esta sinopse fria,
cartazes de promessas esquecidas,
chantagens de sonhos sacrificados
e engrenagens gastas forçando passadas.
A saliva ainda amarga o gosto do ar forçado,
essa verdade ingênua de uma realidade triste
ainda é a única força que me guia aqui embaixo.
Embora a luz lá fora pareça confortável
e o calor dos sorrisos pareçam ser verdadeiros,
ainda sinto uma atração profunda por essa força obscura 
que me prende abaixo das nuvens do teu céu.

Por: Felipe Reis