quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Miragem em preto e branco.


Você já foi enganado pela sua própria mente?
Tudo parecia fazer parte de um plano perfeito,
Cada passo planejado com tanta astúcia que o fracasso
era impossível de ser cogitado em qualquer hipótese,
Cada parte do seu corpo gritava a vitória antecipadamente,
Era certo que ninguém sairia perdendo ao final,
foram previstos tempestades, revoltas, obstáculos..
Por um momento você sabia que a felicidade estaria lá,
por um instante você sentiu o sorriso se moldar em sua face,
cada aresta era vagarosamente preenchida com o tempo
e por fim estaríamos sentados apenas olhando tudo
que fora construído com o passar da vida, admirados com a vista.
Mas algo aconteceu, os ventos já não sopram por onde deveriam,
as regras que eram claras e evidentes se distorceram,
as dimensões de todo o trajeto foi repentinamente mudado
e meu sorriso desmontado como um simples quebra cabeças.
O som que adormece meus sentidos não me parece algo vitorioso,
o tom seco das teclas apertadas ecoam pelos corredores da casa,
tanto brilho fora perdido, tudo porque um simples detalhe não
fora pensado: não adianta perder tempo com planos,
as coisas sempre mudam...

Por: Felipe Reis

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sinopse em branco.


Adoro dias em que posso sentir meu coração,
Um bom filme, uma saudade, um vazio inexplicável,
Gosto quando algo consegue inquietar meu sossego,
Arrancar suspiros e acalentar em prantos minha face,
agrada-me vislumbrar a força de coisas simples,
pequenos detalhes ceifando minha alegria a cada palavra
de uma história, de um drama, uma experiência.
Transformei meu coração em um grande borrão
e escrevo frases e palavras que só fazem sentido
em meu mundo cheio de ruas sem saída e becos escuros,
por vezes reabro suas páginas iniciais apenas para causar
cicatrizes, provocar feridas e estabelecer alguma dor.
De fato, não gosto de sofrimento, de choros e infortúnios,
mas preciso sentir, incondicionalmente sentir, cada brisa
que por milésimos de segundos, apaga a chama que esquentara
alguém, que amaldiçoa caminhos e carrega sonhos...
posso não ser um dos melhores atores que essa vida formou,
mas certamente, aplaudirei em pé cada lágrima
que um bom drama arrancar desse peito insensato.

Por: Felipe Reis

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Desalento cambaleante.


Inicialmente, apenas o parapeito de uma janela qualquer,
mas de longe, eu à avistava, tão orgulhosa e destemida,
ela ousava brincar com o vento que soprava do leste,
aquela dança ritmada ao som do estampido grave do vento,
aquelas cores manchadas de um caminho sofrido e árduo.
Mesmo presa a um mastro frio e solitário ela dançava,
demonstrando sua beleza, força e vitalidade...
Continências, sinais de honra e respeito manchadas de corrupção
não desmoronavam sua segurança moldada em traços firmes,
Gestos efêmeros de cordialidade deformada por conversas de bastidores,
não desfaziam o som do choro dos que deram sua vida por ela.
Incondicionalmente senti-me obrigado a estender minha mão
sobre o peito e em forma, cantar em homenagem a todas as
almas crucificadas para a manutenção da democracia vivida.
Sinto que o meu recrutamento acontecerá brevemente,
sinto que estarei disposto a honrar o nome, não meu simples nome,
mas os nomes contidos naquela flâmula que com tantos motivos
para aflição, ousava brincar com o vento.

Por: Felipe Reis