sexta-feira, 30 de abril de 2010

adjacente desconhecido...

Hoje sua face arredondada, seus desejos enumerados e braços longos que passam a vida desorientado, sempre escolhendo a direção correta, porém orientando.
Estamos sempre açodados demais para notarmos o quanto ele deteriora nossa face pouco a pouco, egoísta e sempre apressado, nunca cessou suas passadas para esperar alguém, nunca chorou, nunca amou... apenas faz seu infinito trabalho, preciso, objetivo e dedicado, seu coração ritmado em batidas cronometradas determinando o quanto vertiginoso um sorriso pode ser e delongando uma dor ao seu máximo. Seu egocentrismo evidente e seu intimo orgulho se vangloriam quando até o mais eficaz artista ajoelha aos seus pés, para poder transformar um simples pedaço de madeira em uma obra de arte.
esse viril senhor da individualidade tem sido esquecido durante nossos caminhos, sendo realmente relativo de acordo com o presságio que nos alcança e que por ironia, serve para aplacar os sofrimentos morais e para atenuar os males da vida.
Esse sujeito é o Sábio TEMPO.

Por: Felipe Reis

sábado, 24 de abril de 2010

Reflexão..

Diário de Rorschach:
"Blake entendia. Tratava tudo como piada, mas entendia. Ele viu as rachas na sociedade. Viu os homenzinhos de máscara tentando remendar tudo… Ele viu a verdadeira face do século 20 e escolheu se tornar um reflexo, uma paródia desses tempos. Ninguém mais viu a piada. Por isso a sua solidão. Ouvi uma piada uma vez: Homem vai ao médico. Diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador onde o que se anuncia é vago e incerto. Médico diz: “Tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade. Assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo.” Homem se desfaz em lágrimas. E diz: “Mas, doutor… eu sou o Pagliacci.” Boa piada. Todo mundo ri. Rufam os tambores. Desce o pano."

HQ, WATCHMEN.
Não é de autoria minha, mas vale a intenção..

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Controle


160 (cento e sessenta), Poderia ser tamanho, quantidade, distância... mas pelo toque que sentia em meu rosto, esse número significava o bradar do vento... a velocidade com que tudo vinha ao meu encontro fez o meu sangue circular mais rápido, a voz tremula do rádio já não importava mais, fora consumida pelo estampido que adentrava pela janela, pelo retrovisor sentia o nível de solidão aumentar e todo o resto estava ao controle das minhas mãos. Nesse momento você se pergunta, o que fazer quando se tem todo o controle em suas mãos? Achando tudo divertido você pisa mais fundo e percebe que aquela sensação de liberdade pode ser quebrada a qualquer momento pelo mais suave deslize.
A curva a sua frente lhe adverte dos perigos da liberdade e toda sensação de imortalidade é lapidada aos poucos com a curiosidade de quando será a próxima volta para casa, onde o controle é definitivamente jogado em suas mãos e todo os 1440 minutos do dia é somado a eternidade daqueles 5 minutos de sinfonia.

Por: Felipe Reis

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Confiança...

Ele olhou para os lados, analisando o ambiente, checou todas as porcentagens de erro, caminhou até o rapaz a sua frente, esperou o mesmo se sentar.. aguardou o momento exato para agir, demonstrava ser um profissional, frio e calculista, sem que o inocente rapaz percebesse, ele abriu a primeira gaveta e pegou uma caixa pequena, procurou com cautela a mais afiada navalha que estivesse disponível, verificou se estava cortante o suficiente para não deixar o rapaz sentir dor.
parecia já ter nascido preparado para momentos como esse, sem titubear levantou o braço destemidamente e proferiu o primeiro golpe no pescoço do rapaz que já tinha esquecido que estava acompanhado, parecia tocar uma incrível sinfônia enquanto ele passava a afiada navalha no pescoço do frágil cidadão a sua frente, por alguns momentos ele podia vê um pouco de sangue escorrer pelo pescoço abaixo, mas isso não cessava seus atos, continuava a proferir navalhadas... até quando notou não ser mais necessário continuar naquele ritual, abaixou seus braços cansados e sorridente olhava o estado que tinha deixado o rapaz a sua frente, uma sensação maravilhosa corria entre suas veias, sentiasse realizado por conseguir mais uma vez...
Pegou um pedaço de espelho ao seu lado e levantou para que fosse possível uma total visualização, seus olhos brilhavam pela certeza do sucesso.
Foi então que o rapaz sentado abriu os olhos, deu um leve sorriso de canto de boca e disse: "ficou melhor do que eu esperava" levantou, pegou sua carteira e satisfeito pagou o barbeiro por mais um ótimo trabalho.
É impressionante como temos potencial de confiança no próximo, deixamos um outro ser humano passar uma afiada navalha em nossos pescoços e ficamos tão tranquilos que as vezes encontramos até tempo para dormir... já pensou um ataque de loucura em um momento como esse?

Por: Felipe Reis

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Muralha de Berlim

Muitos acreditam que esse negocio de muralha é coisa do passado, momentos antiquados dos seres humanos que só devem ser lembrado para que não voltem a se repetir.
Porém, acredito que de todas as muralhas, a pior ainda está erguida e bem alta a ponto de assustar aqueles que buscam o outro lado a qualquer custo, muralha que quando vislumbrada arremata o sonho de qualquer herói, quebra o desejo de qualquer criança.
Queria ser dono da maior marreta do mundo para ver cair cada tijolo dessa desonrosa obra da vida terrena.
Acredito que a melhor aposta do mundo é no fato mais provável de todos os tempos, os seres humanos serão mais cedo ou mais tarde devastados da terra.
porque a muralha que nós criamos para nos defender, não suportará a queda do primeiro tijolo por rajadas de ventos tão fortes que assustará os engenheiros desse monumento dos deuses terrestres.
se um dia essa grande muralha fosse destemidamente quebrada, teríamos ao chão muitos pedaços da velha e antiquada hipocrisia.

Por: Felipe Reis
Insónia severa, me tira o tempo do dia, me sobra solidão da noite.. atormenta meu corpo, desrespeita minha alma. Gostaria de um remédio sem efeitos colaterais, gostaria de possuir um relógio no peito que adormecesse meu tédio e acalmasse meus pensamentos, que gritantes, me tiram o sono e empobrece minha criatividade diária.

Por: Felipe Reis