terça-feira, 10 de março de 2015

Ainda estou vivo.

É engraçado como o mundo vai desbotando a cor dos seus sonhos, desgastando
os dentes das roldanas, rasurando suas vontades, apagando seus traços.
Como as pessoas te usam como peças de um manipulável jogo de estratégia.
Como tudo que almejamos um dia, começa a descosturar, como a roupa mais
velha que guardamos em nosso guarda roupas, por mera superstição de outrora.

É fato que, não se reconhecer entre o primeiro gole do café pela manhã e o
último copo de whisky, para anestesiar um sono a base de comprimidos,
pode ser os primeiros sinais de que estou procurando motivos para voltar a respirar.

Gostaria de dizer que é mais fácil servir a um propósito que viver a procura de algum,
mas ando confuso demais tentando me esquivar de tantos desconfortos inevitáveis que
parecem não cessar.

As vezes gosto de parar no silêncio da noite e escutar o palpitar abaixo do pescoço,
de sentir o gosto da solidão que impregna minha saliva ao final de cada suspiro, e a
dormência dos sentidos que me abraçam lentamente com a chegada do efeito que os
comprimidos me fazem.

É como se nada mais importasse até o amanhã chegar, até meu corpo voltar a pesar.

Sei que parece desconfortável a maneira de como enxergo as coisas,
de como agonizo minha própria vida, de como me sacrifico por tudo.

Mas, de que serve tudo isso?


Talvez a pergunta seja a resposta em questão.

 


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Mais um vinte e oito.

O relógio trava à meia noite,
como em um conto de fadas, mudo de fase, de idade.
A responsabilidade do peito, dos anseios, dos desejos.
Meu eu insano, mundano e tirano.
Como em um conto de fadas,
o dia se torna especial, único, excepcional.
Meus cordiais desejos de felicidade, feliz e idade.
meus sinceros traços de cordial, sem mais, idade.
Ainda não percebo as mudanças, o novo tom.
A dança.
Meus passos tímidos,
seus votos únicos.
Meus calos me parecem os mesmos,
meus sonhos, meus sonhos.
Um desejo ardente do amanhã,
do seguinte, do novo.
Mas eu me sinto o mesmo,
de novo.
Embora seja cultura,
a essa altura, ainda sinto o mesmo,
uma vida que segue,
e nada
mais.

Por: Felipe Reis




terça-feira, 9 de abril de 2013

Guerra sem razão


A muito tempo sinto está brigando por uma luta que não me pertence,
A muito tempo sinto está carregando uma espada que me cortará a carne,
A dor da alma
A calma
Onde está a calma?

Me pergunto pela felicidade,
que se perde em meio a idade,
Que me consome a metade
que me corta em partes.

São as fases da lua
as decisões tuas
meu peito em carne nua
e estas meias rasuras.

A tempos me sinto sozinho
em um jogo de palavras,
quebra cabeças
conto de fadas.

As palavras cortam profundo
mais do que deveriam cortar,
Enquanto perdemos o foco do principal
nessa guerra sem razão
nessas aparências rivais.

Por: Felipe Reis




quarta-feira, 13 de março de 2013

Calculando o perigo.

Aquele momento em que você para de caminhar e olha à sua volta,
percebe que não existe mais ninguém além de você,
você ainda pode escutar o eco dos seus últimos passos,
enquanto sente o peso do mundo sobre seus ombros castos.
O leve traço dos seus suspiros profundos lhe tomam o rosto,
então você percebe estar numa encruzilhada.
Só você.
Seus ideais.
Sonhos
e alguns traços de destino.
Meus futuros me confundem ao passado,
trazendo memórias que outrora me deixavam.
Mas, o que de mim, posso deixar a esse mundo?
se nem a mim imputo a felicidade que me é de direito?
Paro de pensar por um instante, olho mais uma vez a minha volta
e retomo a única coisa que posso.
Volto a caminhar em silêncio.

Por: Felipe Reis

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Que seja feita a vossa vontade.

Estamos sozinhos?
As vezes, certas cortesias do caminho
me condicionam a, inevitavelmente, perguntar.
Andei pensando está sempre bem acompanhando,
mas que tolo eu fui.
Achando que poderia confiar um pouco mais,
crendo que estaria sempre bem, estando entre.
Ainda é difícil acreditar que não estamos mais jovens,
que não somos mais tão fortes,
que todo aquele esboço de confiança
se rasura com o tempo.
Eu deveria ter seguido meus instintos?
Sinto medo de um dia acordar, e não
reconhecer o mundo que escolhi para mim.
É fácil aceitar enquanto tudo é engraçado,
enquanto o acaso nos diverte. Mas, existem
verdades por traz dos sorrisos
e maldade por trás das lembranças.
Embora conheça a notoriedade de alguns
semblantes e a malícia por traz da bondade,
me resta apenas esperar, e deixar
que, se houver justiça terrena,
que seja feita a vossa vontade.

Por: Felipe Reis

domingo, 9 de setembro de 2012

Olhares distantes.

      Existe uma lógica simétrica sobre a vida que,
embora nosso peito perceba, nossos olhos tardam a enxergar.
      Hoje acordei com um gosto doce de vida sobre os labios e
um reconfortante tom de cinza claro e azul anis sob a vista,
se fazia turvo enquanto eu olhava em frente, mas,
só me dei conta, quando rapidamente voltei a mim.
      Percebia os risos por toda a minha volta, mas,
eu ainda estava distante, fora de si, em outro tom.
Me senti longe, embora eu estivesse bem ali, parado,
como se tudo fizesse parte de outro contexto, outra dimensão.
       Você já se perdeu de si?
É exatamente durante o último gole de álcool
e o próximo trago, que, todos os passos perdem
o ritmo comum, todos os pensamentos somem.
Você se desprende de todo o físico mundano, e,
por uma pequena fração de segundos, você está livre.
       É como recobrar a consciência depois de apagar,
como dar um longo suspiro após ser sufocado,
ou receber a notícia contrária ao motivo da agonia.
       Onde tudo que é escuro se torna torpe, e,
volta-se a respirar a vida como se fosse rítmica e bela.

Por: Felipe Reis

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A manhã seguinte sempre chega.

O que fazer quando sua alma grita?
As vezes me sinto cansado de demonstrar força,
quando tudo que eu mais queria, era apenas me esconder.
O que deve ser feito, quando, sentimos pelas
rachaduras, que tudo parece desmoronar.
É esse processo lento entre a angustia de
respirar e a vontade de prender a respiração,
entre enxugar o rosto enquanto outra lágrima torna a cair,
nesse pequeno momento, entre, pensar ser tudo e
se questionar em ser realmente algo,
que, tudo realmente perde o sentido,
então sou apenas eu, sozinho novamente.
Enquanto perco as certezas dos meus sonhos
e as faces dos meus desejos, me vejo buscando
forças onde já não mais consigo me apoiar
e meus olhos, estes ainda buscam caminho
por entres as poucas brechas de luzes.
Tudo porque, 
ainda tenho o amanhã.
Pois, a manhã seguinte sempre chega.