terça-feira, 10 de março de 2015

Ainda estou vivo.

É engraçado como o mundo vai desbotando a cor dos seus sonhos, desgastando
os dentes das roldanas, rasurando suas vontades, apagando seus traços.
Como as pessoas te usam como peças de um manipulável jogo de estratégia.
Como tudo que almejamos um dia, começa a descosturar, como a roupa mais
velha que guardamos em nosso guarda roupas, por mera superstição de outrora.

É fato que, não se reconhecer entre o primeiro gole do café pela manhã e o
último copo de whisky, para anestesiar um sono a base de comprimidos,
pode ser os primeiros sinais de que estou procurando motivos para voltar a respirar.

Gostaria de dizer que é mais fácil servir a um propósito que viver a procura de algum,
mas ando confuso demais tentando me esquivar de tantos desconfortos inevitáveis que
parecem não cessar.

As vezes gosto de parar no silêncio da noite e escutar o palpitar abaixo do pescoço,
de sentir o gosto da solidão que impregna minha saliva ao final de cada suspiro, e a
dormência dos sentidos que me abraçam lentamente com a chegada do efeito que os
comprimidos me fazem.

É como se nada mais importasse até o amanhã chegar, até meu corpo voltar a pesar.

Sei que parece desconfortável a maneira de como enxergo as coisas,
de como agonizo minha própria vida, de como me sacrifico por tudo.

Mas, de que serve tudo isso?


Talvez a pergunta seja a resposta em questão.

 


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